Após agradecer o convite para fazer o Lunch-in, Fábio apresentou-se dizendo que não é jornalista, é um administrador de empresas que há mais de 5 anos mantém um blog na revista Exame com mais de 2 milhões e meio de leitores.
Relatou ser de origem muito pobre, da zona leste da cidade de São Paulo, da Vila Itaquera, na parada 15. Local tão violento que se diz que nem o Capeta vai lá, devido ao risco. Desde cedo, apesar do ambiente, aprendeu com sua avó que somente a educação mudaria sua vida. Percebeu que para sair da mancha de violência da região onde cresceu, só pela educação.
Afirma ver, como resultado de sua experiência profissional, que para mudar efetivamente o Brasil, somente pela educação.
Revela ter aprendido muito com Osiris Silva, com quem trabalhou e foi seu braço direito: "Fábio nós só vamos mudar o Brasil pela educação. Só fiz da EMBRAER o que ela é, graças à educação".
A EMBRAER, diz Fábio, é um exemplo de integridade, ética e tecnologia. Seu lema é "Educação acima de tudo". Educação básica do ser humano e educação como formação profissional.
Continuando sua história, Fábio lembra que foi diretor da ANIMA EDUCAÇÃO por mais de 10 anos, coordenando as ações de mais de dez mil alunos e mais de dois mil professores e também dirigiu a FGV.
Afirma que o Brasil só vive de discursos. Há muitos anos, mais de 50 anos, viemos de discurso sem ação. Tivemos muitas oportunidades de mudar o Brasil, mas deixamos para depois.
Relata que hoje ministra aulas na Columbia University e na Sorbone e constata que na visão dessas pessoas (americanos e franceses) ter uma agenda e agir é importante. Constata que para nós (brasileiros) elas não são importantes nem para a nação, nem para o estado, nem para o indivíduo.
Foi convidado para ministrar palestra na Faculdade Santo Antônio em Alagoinhas, o que deu muito certo por que via nos ouvintes a esperança de mudança pela educação. Por outro lado, via com tristeza no mesmo evento um segundo grupo que não dava atenção à educação.
Afirma que a educação começa em casa, na família. Infelizmente, para Fábio, a família brasileira perdeu muito nesta área. Lembra que ele saiu de São Paulo, da parada 15 onde nem o Capeta quer chegar para alcançar o MIT por entender que a educação é a única coisa que pode nos mudar. Por isso, todos devem cobrar educação à família, aos amigos... nos falta muito isso.
Com pesar, nos conta que acabou de chegar de Paris e a primeira pergunta que ouviu foi "por que você voltou? Sua resposta: Por que esta é a minha terra. Sair do país não vai resolver. Quem sai não está multiplicando, não está cobrando, não está mudando.
Destaca que as forças armadas é uma das instituições mais íntegras, que mantém um padrão de excelência e valor, mas que por falta de uma diretoria de marketing ainda não perdeu o ranço de 1964. As escolas militares têm os melhores indicadores de desempenho em termos de educação no Brasil. Em São Paulo, não é o Colégio Dante Olivieri dos Jardins que tem o melhor indicador de desempenho. É o Colégio Militar.
O que principalmente se aprende no Exército não é a disciplina é a obediência, é a educação, é a formação, a inteligência. Há porém pessoas que não sabem lidar com o conhecimento e ironizam: "Temos uma nação educadora com h". Há até investimento, mas hoje temos um contingente de 7 milhões de brasileiros em cursos de pós-graduação e especializações quando a necessidade é de termos pelo menso 14 milhões. Estamos na posição 59 do ranking internacional da OCDE. A crise internacional aprofunda e a competitividade do Brasil vai embora. Exceto pelos produtos da EMBRAER não há o que vender, por falta de educação e formação. Somos 200.000.000 de habitantes com o risco de no futuro não termos valor.
A questão não é política, diz Fábio, é pessoal. Como nós enxergamos a educação. Nós brasileiros cobramos muito as soluções dos políticos, mas não cobramos de nós mesmos.
Fábio é contundente ao dizer que não acredita mais na política. A política brasileira precisa ser sepultada. A democracia brasileira precisa ser refeita. Que democracia é esta em que o cidadão de bem é refém da violência e fica preso dentro de casa? pergunta. A diferença, continua Fábio, quando nos comparamos com outros países, os Estados Unidos, por exemplo que tem mais ou menos a nossa idade, é que eles tem problemas, têm violência também mas o país funciona. A Itália, relata, é o berço da corrupção, mas lá as coisas funcionam. Portugal passou por uma crise. Há mais portugueses fora de Portugal do que nele. Mas o país está se recuperando e quando vou a Portugal vejo o valor que o português dá à educação.
Fábio diz que não podemos ficar cegos e acreditarmos que na semana que vem tudo se resolve. So acreditará na mudança quando de fato ocorrer uma revolução cultural neste país. Mas, tem dúvida se o jovem brasileiro quer esta revolução. Relata que para o jovem a educação é uma coisa chata. Formação é uma coisa chata. Discipina é uma coisa chata.
Fábio diz que não podemos ficar cegos e acreditarmos que na semana que vem tudo se resolve. So acreditará na mudança quando de fato ocorrer uma revolução cultural neste país. Mas tem dúvida se o jovem brasileiro quer esta revolução. Relata que para o jovem a educação é uma coisa chata. Formação é uma coisa chata. Discipina é uma coisa chata.
Ribeiro acredita que educação é algo aberto e livre. Se não cobrarmos não vai haver mudança.
Conta que Dr. Osires Silva foi uma criança pobre, do interior de São Paulo, cuja mãe dera muito valor à educação e lembra uma das histórias contadas por Osires. A Rainha da Inglaterra visitava a EMBRAER e se aproximando de um funcionário que apertavas porcas em uma das peças da roda de um avião em construção perguntou o que ele fazia. Fábio diz que a resposta que a maioria dos jovens de hoje daria, seria: "Estou apertando as porcas", entretanto aquele funionário da EMBRAER respondeu à Rainha que estava construindo um avião. E Osires concluía afirmando que o único valor da EMBRAER era a educação.
Voltando à sua história lembra que estudou na Universidade de São Paulo, que tem um orçamento de 5 bilhões e gasta 6 bilhões com a folha de pagamentos e o que gera? Pergunta, para em seguida afirmar que a falta de resultados dos investimentos públicos é ter um garoto de 9 anos de idade com uma pistola de 9 mm na mão não registrada no exército, fruto de tráfico de armas na fronteira, praticando crimes. Essa é a consequência de nossa burocracia. De não darmos o devido valor à educação e a leitura. Falta-nos o estudo básico de português e matemática. Como é ensinada nas escolas, a matemática é o primeiro filme de terror que o ensino passa para as cirnaças.
Fábio ressalta que a revolução tecnologica imprime velocidade a este processo e provoca a preguiça mental em quem já não tem base. Relata então sua experiência como professor de graduação e afirma que 75% dos estudantes universitários brasileiros são analfabetos funcionais, isto é, não compreendem o que leêm. Esse é o futuro do Brasil, conclui.
Passa então ao relato de uma experiência que teve ao dar suporte e consultoria de estratégia a um amigo que assumiu a secretaria de educação de São Vicente, municipio vizinho a Santos. Cidade de 350.000 habitantes dominada pelo PCC. Trabalhou por cerca de 9 meses, foi ameaçado de morte e para fazer seu trabalho e visitar todas as escolas municipais, tinha que negociar com marginais as visitas feitas a algumas unidades. Constatou com tristeza uma evasão escolar de 25% no ensino fundamental onde muitos dos ausentes já tinham passagens policiais.
Fábio afirma que há problemas estruturais e que parte dele está na pessoa do aluno. Se o aluno não quiser mudar e investir na mudança, esqueça! O aluno está na universidade e não sabe por que está lá. Não sabe por que está na escola de direito, engenharia ou medicina. Afirma que a culpa é nossa. Não damos o devido direcionamento às crianças e a sociedade do valor de uma carreira universitária. Criamos muitos padrões na sociedade que não tem o devido valor.
Conta que a mãe dele queria que ele fosse advogado. Chegou a fazer um ano do curso de direito, o que foi um terror. Ele queria fazer arqueologia, mas na visão da mãe ninguém ganhava dinheiro com arqueologia no Brasil. Hoje, relata Fábio, os maiores salários da Vale e da Petrobrás são para arqueólogos. Concluiu o curso de adminstração de empresas onde, das 40 disciplinas estudadas apenas 2 mexeram com ele: marketing e estratégia.
Fábio passa então a relatar suas experiências internacionais e conta que ainda não fez o curso de arqueologia, embora não tenha dele desistido.
Suas experiências na África, onde foi pela primeira vez como integrante da força de paz, em 1994, com uma metralhadora na mão e retornou ao mesmo local em 2009 como professor, com o livro na mão, para implantar cursos de mestrado em gestão, confirma sua vivência que só a educação salva.
Fábio confessa sua tristeza de não ver no Brasil a mesma transformação pela educação que constata em Angola.
Colocando-se como realista e não pessimista Fábio diz que vive num país democrata, onde é refém da violência, e a base desta situação está na educação e na visão que dá a família. Afirma que nós não queremos atacar a raiz do problema de fato. Falamos de educação mas não a vivemos. Precisamos de uma educação que de fato dê oportunidade de gerar riquezas.
Só a educação transforma!
Fábio ilustrou sua experiência profissional e pessoal com fotos dos países onde trabalhou e abriu uma seção de perguntas que se transformou em rica troca de experiência com os presentes.